Ao destacar os benefícios da atividade física, poucos de nós incluiriam a "faxina" intracelular. Contudo, um novo estudo sugere que a capacidade dos exercícios físicos de acelerar a remoção de resíduos e reciclagem dos componentes aproveitáveis das células do corpo pode ser um de seus efeitos mais importantes, ainda que o menos visível.
Na nova pesquisa, publicada mês passado na revista Nature, cientistas do Centro Médico do Sudoeste na Universidade do Texas, em Dallas, uniram dois grupos de camundongos. Um era normal, possuindo um sistema de limpeza celular apurado. O outro tinha sido reproduzido com sistemas de eliminação de resíduos enfraquecidos.
Sabe-se, há muito tempo, que as células acumulam resíduos do desgaste da vida cotidiana. Dentro da célula há uma espécie de amontoado de dejetos formado de proteínas quebradas, fragmentos de membranas celulares, bactérias ou vírus invasores e componentes celulares gastos ou decompostos.
Na maioria das vezes, as células eliminam esses dejetos. Elas até os reciclam para obter energia. Através do processo de autofagia, ou autodigestão, as células criam membranas especializadas que ingerem os dejetos presentes no citoplasma e os levam para uma região da célula denominada lisossomo, onde os resíduos são quebrados e queimados para obtenção de energia.
Sem esse sistema eficaz, as células poderiam ficar sufocadas e não funcionar bem ou morrer. Nos últimos anos, alguns cientistas começaram a suspeitar que mecanismos de autofagia falhos contribuíssem para o desenvolvimento de diversas doenças, incluindo diabetes, distrofia muscular, mal de Alzheimer e câncer. Acredita-se que a desaceleração da autofagia na meia-idade também exerça um papel no envelhecimento.
Autofagia
A maioria dos pesquisadores acredita que o desenvolvimento do processo foi uma reação ao estresse da inanição: a célula passaria a reunir e consumir partes supérfluas de si própria para manter vivas as partes importantes. Em placas de Petri, a taxa de autofagia aumenta quando as células estão famintas ou são colocadas sob outra forma de estresse fisiológico.
O exercício físico certamente consiste em um estresse fisiológico. Contudo, até recentemente, poucos pesquisadores haviam indagado se o exercício físico poderia de alguma forma afetar a taxa de autofagia e, caso afetasse, se isso seria importante para o corpo de modo geral.
A autofagia afeta o metabolismo e possui benefícios abrangentes para o corpo relacionados à saúde, Existem consideráveis elementos em comum. porém, não estava claro como os dois interagiram, acrescentou .
Importância de manter-se ativo
Concluíram que o aumento da autofagia, induzido pelos exercícios físicos, parece ser uma etapa decisiva na melhora das condições de saúde.
A descoberta é "muito empolgante", o estudo "aprimora a nossa compreensão das razões do impacto salutar dos exercícios sobre a saúde".
Os resultados obtidos têm implicações amplas. Por exemplo, os indivíduos que não reagem aos exercícios aeróbicos com o mesmo vigor que seus companheiros de treino podem ter sistemas de autofagia instáveis ou inadequados.
É muito difícil estudar a autofagia nos seres humanos , entretanto, medicamentos intensificadores de autofagia ou exercícios especializados algum dia talvez ajudem as pessoas a obterem total proveito dos exercícios físicos.
Até lá, esse estudo salienta mais uma vez a importância de permanecer ativo. Tanto o grupo de controle quanto o grupo geneticamente modificado tinham "níveis antecedentes normais de autofagia" durante as circunstâncias diárias, contudo, esse nível de base de "limpeza" celular não foi suficiente para protegê-los em face de uma dieta insatisfatória.
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