A abordagem do tema nas salas de aula e o exemplo dado em casa podem evitar que crianças se tornem fumantes
Os primeiros registros de uso do tabaco datam de meados do século IX, utilizado por tribos indígenas em seus rituais religiosos. Historiadores acreditam que a migração das tribos foi responsável pela introdução do tabaco no Brasil.
A expansão, porém, só começou no século XX, paralelamente ao desenvolvimento da publicidade e marketing. Cigarros eram distribuídos gratuitamente para as tropas durante a Primeira Guerra Mundial, o que ajudou a popularizar ainda mais o consumo. Em tempos de guerras e crises econômicas, o cigarro era bastante valorizado.
Segundo a última pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde em 2009, 15,5% da população brasileira fuma. O que mais preocupa na verdade é a iniciação ao tabaco de adolescentes e crianças, que têm começado cada vez mais cedo, seguindo muitas vezes o exemplo visto dentro de casa.
Recentemente, foi notícia nos jornais e sites da internet o caso de uma criança de 2 anos na Indonésia que fumava mais de 40 cigarros por dia. No país não é chocante ver uma criança fumando: 25% das crianças locais já tiveram contato com o fumo, segundo dados da Agência Central de Estatísticas.
No Brasil, uma lei aprovada em 2008 proíbe o fumo nas áreas internas das instituições de ensino, mas os alunos ainda contam com os intervalos quando, em algumas escolas, é permitido sair.
“As escolas devem proibir o fumo e tratar o assunto dentro das salas de aula de forma transversal, pois há interface com a questão econômica, com o meio ambiente e têm impactos na saúde de quem fuma, de quem produz o tabaco e de quem convive com fumantes”, explica a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo (ACT), Paula Johns.
O fumo e o tabagismo passivo, inclusive, pode interferir no rendimento escolar, com a piora de doenças respiratórias como asma e bronquite, que culminam no aumento de faltas, maior dificuldade para acompanhar o ensino e recuperar a matéria perdida.
Por isso, é muito importante que os pais também desempenhem seus papéis dentro de casa. O ideal é que o tema seja abordado com honestidade e clareza e que, no caso de pais fumantes, que estes reconheçam a dependência ao invés de banalizar o tabagismo.
As medidas necessárias para evitar que uma criança se interesse pelo cigarro, no entanto, vão além das escolas e do exemplo dos pais. É necessário que os cigarros não sejam colocados no mesmo patamar que outros produtos, expostos em todas as esquinas, bares padarias, entre outros, alerta Paula.
“Os cigarros devem ser armazenados embaixo do balcão, e não expostos. Ao contrário, eles costumam estar ao lado de produtos de bomboniere e revistas. A prática cria uma espécie de ritual de passagem em torno do consumo de cigarros, tornando-os atraentes para crianças e adolescentes, que acabam comprando para se sentirem donas do próprio nariz.”
Problemas respiratórios e consequências em crianças
As crianças são as que mais sofrem com o fumo passivo, principalmente até os dois anos de idade. Doenças como asma, otite média, rinite e alergias, frequentemente desencadeadas ou agravadas pelo cigarro, podem segui-las pelo resto da vida.
“Além das doenças, existem evidências que ligam índices maiores de morte súbita em crianças expostas ao tabagismo passivo. Por isso é importante que os pais evitem o cigarro dentro de casa não só com crianças pequenas, mas com todas as idades”, alerta Paula.
Evitar o cigarro dentro de casa não só garante a saúde das crianças, mas evita que ela se torne um fumante precoce e ajuda a construir um futuro melhor para nossos filhos.
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