quinta-feira, 21 de julho de 2011

Entenda e evite a morte súbita

Nervos à flor da pele, poucas horas de sono, excesso de cafeína. Combine isso com o sedentarismo e o início na corrida. Uma dor no peito e, de repente surge um profundo desmaio. Poucos sobreviveram a um ataque de ‘morte súbita’ provocada por um ataque cardíaco fulminante. Para não cair nessa, te mostramos alguns cuidados para evitar essa pane letal.

A morte súbita associada ao esporte não é muito comum, mas pode ocorrer. Um estudo realizado no Instituto de Toxicologia de Madrid detectou 61 mortes em 7 anos, quase 9 por ano. Só em São Paulo mais de um motociclista morre nas ruas da cidade vítima do trânsito cruel.

A maioria das mortes súbitas associadas ao esporte são produzidas por um problema cardíaco e em geral são fulminantes. As estatísticas apontam que 85% dos casos de morte súbita associadas ao esporte ocorrem devido às doenças coronarianas.

As coronárias são as artérias que rodeiam o coração. Elas levam o ‘combustível’ vital a qualquer coração: sangue e oxigênio. Em algumas ocasiões suas paredes aumentam em espessura e se sobrecarregam com a gordura formando as temidas “placas de ateroma”. Quando as artérias coronarianas se obstruem parcialmente aparece a doença coronariana.

Agora imagine o que ocorre quando este coração alterado tem que realizar uma atividade física. A respiração se acelera e o coração bombeia mais depressa para fazer o oxigênio chegar aos tecidos, mas se os vasos estão parcialmente bloqueados, o sangue se acumula nas paredes e inclusive algumas placas de ateroma se desprendem das paredes e formam-se coágulos que podem obstruir por completo a artéria.

FATORES DE RISCO

1. Idade superior a 35-40 anos
2. Ser homem
3. Mulher mais de 70 anos
4. Antecedentes de doença coronária na família
5. Nível alto de colesterol
6. Ser fumante
7. Hipertensão arterial
8. Estresse

Importante
Se você tem dois ou mais fatores de risco deve levar em conta que a probabilidade de ter um infarto não se soma, mas se multiplica exponencialmente.


Ao ocorrer esse problema, uma parte do músculo cardíaco deixa de receber sangue e morre (infarto é o mesmo que uma morte celular). A corrente eléctrica que se encarrega de contrair e relaxar o coração segue transmitindo impulsos e as ondas se propagam sem controle pelo coração, e este deixa de atuar como uma bomba que envia sangue aos tecidos. Se compararmos o coração com uma casa, a morte súbita se produz quando há um problema “elétrico”, ainda que também exista um problema de encanamento que agrava a situação. Caso não haja assistência médica especializada, o cérebro deixa de receber oxigênio, se perde a consciência e o esportista morre em três minutos.

A morte súbita do esportista afeta indivíduos relativamente jovens, com uma idade média de 47 anos, ainda que também existe um grupo de risco entre os adolescente. Isso se explica porque nas pessoas jovens a acumulação de gordura que forma a placa de ateroma é branda e fina, então são esmagadas pelo fluxo sanguíneo da artéria coronária e podem não obstruir ou produzir sintomas durante o exercício (não dar o alerta), mas a adrenalina experimentada durante a atividade ajuda a estimular a gerar uma batida irregular do músculo do coração, aumentando o esforço e contribuindo para a formação de coágulos. Se a placa quebra esses coágulos ficam mais resistentes ao esforço devido à adrenalina aumentando o problema.

A pergunta chave é se há como prevenir este tipo de morte deixando de fazer exercícios. A resposta é que ainda não se sabe se reconhecem fatores de risco como a doença ateromatosa coronária, miocardiopatia arritmogênica, miocardiopatia hipertrófica, hipertrofia ventricular esquerda idiomática, anomalias nas artérias, valvulapatias, etc. Em alguns casos não existe causa conhecida.

A melhor forma de diminuir a incidência da morte súbita é a prevenção com auxílio médico, porém não vale qualquer exame, os esportistas devem ir a centros esportivos médicos especializados onde pode ser feita uma vistoria completa, exploração física e prova de esforço a cada ano, além de eletrocardiograma e outros testes. Em alguns países, a avaliação médica é obrigatória para participar de eventos esportivos como a maratona.

Previna-se

1. Evite as trocas bruscas de temperatura. Ao fazer exercício o calor e o frio podem provocar arritmias graves.

2. Controle as trocas de ritmo. As séries, fartlek, intervalos, etc. são necessárias para melhorar em quase todos os esportes aeróbicos porém não se deve fazer sem conhecimento prévio. Evite sempre as paradas ou esfriamento bruscos.

3. Comece com um aquecimento e termine soltando para desacelerar. É algo óbvio porém poucos esportistas têm essa atitude, especialmente quando somos mais experientes.

4. Motive-se com prudência. A adrenalina é bomba uma poderosa, pode fazer-lhe subir uma montanha com um saco de pedras nas costas se necessário mas isso também gera o risco de morte súbita.

5. Cuidado com as substâncias excitantes. A cafeína, os medicamentos do tipo anfetamina, alguns medicamentos para a asma que contêm efedrina, etc., estimulam intensamente o sistema cardiovascular, atuam como a adrenalina e favorecem a aparição de arritmias. A tolerância à cafeína varia muito de pessoa para pessoa. Para alguns esportistas, um simples chá pode provocar palpitações e outros podem tomar pastilhas com cafeína como se fosse caramelos, porém nunca é bom confiar nisso. Pode ser que uma xícara de café lhe faça correr mais rápido, porém também pode parar seu coração.

6. Respeite a digestão. A digestão é um processo variável, algumas pessoas podem correr imediatamente depois de uma feijoada e outras têm que esperar 3 horas para treinar depois de uma comida light. O que está claro é que a digestão é um processo ativo que requer um grande aporte de sangue no estômago e intestino, reduzindo a quantidade de oxigênio e energia que chega aos músculos e ao cérebro.

7. No perca de vista a altitude. Quanto mais alta é uma montanha, menos oxigênio há na atmosfera e ele não chega em quantidade suficiente aos tecidos. O coração aumenta seu ritmo para compensar a falta de oxigênio porém trabalha em más condições pois o ar das montanhas também é mais frio e seco. Se além disso se somar à desidratação durante o exercício, a montanha pode ser mortal. Só precisará se adaptar durante uns dias à altitude para reduzir o risco como fazem os corredores de montanha experientes.

8. Hidrate-se sempre. A desidratação se acelera com o suor intenso durante o exercício. Ao perder água também perdemos minerais com o suor e alguns deles são muito importantes para regular a contração muscular. Por esta razão é muito comum que apareçam cãibras musculares depois de um exercício extremo. O coração também é um músculo e a desidratação pode provocar uma arritmia ou a morte súbita. Para evitar o mal, hidrate-se adequadamente com água e sais minerais sempre antes, durante e depois do exercício.

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