O ponto fraco do herói grego Aquiles era o calcanhar. Tinha uma força enorme e só morreu ao ser atingido por uma flecha envenenada nessa parte de seu corpo. Desde então, o termo calcanhar de Aquiles é usado como uma metáfora para a fragilidade humana. Nas mulheres, esse ponto fraco são os joelhos: segundo dados da conceituada revista científica American Journal of Sports Medicine, a cada uma hora de prática de esportes por dia, elas têm três vezes mais chances do que os homens de lesionar os ligamentos do joelho.
O principal motivo, é o quadril mais largo das mulheres. “Por causa disso, a ação do músculo quadríceps tende a lateralizar a patela. Há uma sobrecarga na articulação, a patela tende a correr na tróclea femoral com pressões alteradas.
Essa pressão gera uma alteração adaptativa que faz com que os membros inferiores se posicionem de maneira diferente, e a tendência é que a mulher fique com os joelhos em valga (joelhos para dentro e calcanhares para fora, formando uma espécie de X). Isso pode levar a condromalácea, o problema mais comum nas corredoras, uma lesão na cartilagem da patela,
Mas, além do fator biomecânico do corpo, a preparação para o esporte tem muita relação com a ocorrência de lesões no joelho. Mulheres que trabalham também o alongamento e fortalecimento de músculos podem prevenir os problemas. E devem priorizar, em especial, o quadríceps (grupo muscular das coxas) e os músculos adutores.
Quem costuma correr só em terrenos planos tem bem menos chance de desenvolver o problema. A patela é mais solicitada ao correr em terrenos irregulares ou em subidas e descidas. Quando os joelhos formam uma angulação maior do que 15º ou 20º, a patela entra em contato com o fêmur e provoca mais desgaste.
Uma determinada corredora, já praticava a atividade havia cinco anos quando começou a sentir dores durante a atividade física. Mas só ao perceber que essa dor também me pegava em atividades mais comuns e diárias, como subir e descer escadas, é que procurou um médico, a dor da condromalácea é sentida principalmente na região anterior do joelho (na frente), e que a mulher não deve esperar sentir dor em atividades mais simples para procurar um médico. Quando isso acontece, é sinal de que o problema já está avançado.
Ligamentos
Outro problema diretamente ligado a características femininas é frouxidão dos ligamentos.Por causa do ciclo menstrual, em especial no início da fase ovulatória, os ligamentos ficam mais fracos. Os que mais sofrem são o cruzado anterior e o colateral medial.
E, somado a esse enfraquecimento, novamente entra a preparação da massa muscular. Naturalmente, as mulheres não têm uma massa muscular tão forte quanto a dos homens, a não ser aquelas que tem um nível altíssimo de competição. Quem não trabalha o músculo fica ainda mais propensa a esse incidente.
Os sintomas, no caso de rompimento de um dos ligamentos são dor ao fazer o movimento torcional, de dobrar o joelho, e inchaço na região. A mulher vai sentir diferença principalmente quando for dar a passada e tiver uma sensação de falha, instabilidade. Isso acontecerá sempre que ela repetir o movimento.
A prevenção é a mesma necessária para evitar a condromalácea: alongar e fortalecer a musculatura da coxa com freqüência. A chave da proteção é tornar as coxas fortes para agüentarem o peso, e ele não ir todo para os joelhos.
Fim da dor
Como o joelho é uma articulação muito delicada, o tratamento para a condromalácea e para o rompimento dos ligamentos vai depender muito do paciente e do grau da lesão, na condromalácea as chances de intervenção cirúrgica são menores. O êxito gira entre 70% e 90% no tratamento convencional. Um percentual bastante positivo para a medicina.
A recuperação costuma ser dividida em três etapas:
A primeira é reorientar atividades, tirar os fatores que causam dor. Para as corredoras: correr em terrenos planos ou apenas caminhar durante o tratamento.
Na segunda, entra o tratamento fisioterápico. Alongamento e fortalecimento global da musculatura, priorizando o quadríceps e os adutores.
Na terceira, vêm os medicamentos condroprotetores, que retardam o processo de degeneração da cartilagem.
Para as mulheres que tiveram alguma lesão nos ligamentos, o tratamento também pode ser cirúrgico ou conservador, como dizem os médicos. A intervenção cirúrgica, nesses casos, é um procedimento consagrado que envolve a substituição do ligamento rompido por um enxerto de tendão. No entanto, a recuperação é demorada, podendo levar até um ano para retorno a atividade.
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