Corrida X Treino Funcional
Muitos corredores não se adaptam aos exercícios de musculação nas academias, mesmo após tentarem inúmeras vezes por saberem que é fundamental o fortalecimento muscular para a corrida. Estas pessoas acham exercícios estáticos nada atrativos. A melhor alternativa é o treinamento funcional, que é tão, ou mais eficaz do que a musculação tradicional. O foco é trabalhar e aprimorar os movimentos, mais do que os músculos envolvidos.
A base desse método é proporcionar equilíbrio, força, lateralidade, concentração e coordenação motora. Enquanto nos aparelhos apenas um ou alguns músculos são trabalhados isoladamente, os exercícios do treinamento funcional simulam movimentos da corrida, por exemplo, para que o conjunto de músculos solicitado seja trabalhado tanto na força, como no equilíbrio.
Visualize seu corpo se equilibrando sobre uma superfície instável ou numa daquelas bolas grandes, murchas e de plástico. É um exercício em que se utiliza o peso do próprio corpo para trabalhar equilíbrio e força como um todo. Nenhum aparelho de musculação consegue contemplar tantos elementos de uma só vez, ou seja, são necessários um número maior de fibras musculares para realizar o movimento, que se torna mais global e intenso.
Hoje em dia, o treinamento funcional está presente em diversas academias, mas antes converse com seu treinador para que ele encaixe esses exercícios de maneira a otimizar ainda mais seus treinos de corrida.
FADIGA MUSCULAR X CORRIDA
A fadiga muscular representa um problema complexo em nosso meio, causada por fatores ainda não totalmente esclarecidos. A literatura científica atual aponta possíveis causas provenientes de alterações deletérias no próprio músculo (fadiga periférica) ou mudanças na comunicação neural para o músculo (fadiga central).
A fadiga central é caracterizada por mecanismos biológicos que alteram o esforço subjetivo, motivação, comportamento e tolerância à dor, bem como aqueles que diretamente inibem a ativação motora nos centros superiores do cérebro e nos neurônios (células nervosas) que transmitem os impulsos nervosos.
O grau e a causa da fadiga muscular são dependentes da duração, intensidade e natureza dos exercícios, composição do tipo de fibra muscular, nível de condicionamento físico e fatores ambientais como altitude, umidade e temperatura.
Exercícios de alta intensidade- A fadiga muscular pode ser definida como uma perda de força que acarreta na redução do desempenho em uma determinada tarefa. A fadiga após exercícios de alta intensidade e curta duração pode resultar a partir de falhas na ativação do sistema nervoso central (SNC), assim como a falta de manutenção da freqüência adequada de ativação dos neurônios motores transmitindo os impulsos nervosos.
Este tipo de exercício envolve uma demanda energética que ultrapassa a potência aeróbica máxima do indivíduo, solicitando um alto grau de metabolismo anaeróbico. Conseqüentemente diminuem os fosfatos de alta energia do músculo, trifosfato de adenosina (ATP) e fosfocreatina (CP), enquanto que fosfato inorgânico (Pi), difosfato de adenosina (ADP), lactato e íons hidrogênio (H+) aumentam na medida em que a fadiga se instala.
O acúmulo desses metabólitos tem sido apontado como um fator importante na gênese da fadiga muscular e na predisposição às câimbras. Para evitá-las, concentrações adequadas de ATP devem ser mantidas pelo organismo, pois esse substrato é um dos responsáveis pela fonte imediata de energia para as contrações musculares. A fosfocreatina também diminui com a atividade contrátil do músculo, e alguns estudos têm sugerido que concentrações baixas de CP podem também induzir à fadiga muscular.
O hidrogênio é particularmente interessante como agente causal, pois pode atuar de várias formas na célula: inibição da atividade de enzimas das vias produtoras de energia, inibição da utilização do cálcio (Ca+) pelas células musculares, e alteração do perfil iônico intracelular. Uma fonte importante dos íons de hidrogênio durante a atividade muscular intensa é a produção anaeróbica de ácido lático, que em sua maior parte se dissocia em íons lactato e H+. Atualmente, já está bem estabelecido que a fadiga ocorra pela elevada concentração de H+ (íons hidrogênio) e não pelo aumento de lactato ou ácido lático não dissociado, devido à inibição das vias metabólicas produtoras de energia.
Exercícios de endurance - Inúmeros fatores têm sido apontados como causadores de fadiga resultante de atividades físicas de longa duração. Entre eles estão incluídos a depleção de glicogênio muscular e hepático (do fígado), a diminuição da glicose sanguínea, a desidratação, e o aumento da temperatura corpórea.
O ritmo de utilização de carboidratos (CHO) é dependente não somente da intensidade do trabalho físico, mas também da condição física do indivíduo. O fato que esportistas treinados metabolizam carboidratos mais lentamente do que os não treinados corrobora a hipótese de que a depleção dos estoques de CHO seja uma das causas de fadiga muscular durante a atividade física prolongada.
No entanto, outros agentes causadores de fadiga muscular também estão envolvidos, pois a depleção de glicogênio pode ocorrer em sua ausência, possivelmente envolvendo a destruição da microestrutura de componentes celulares responsáveis pela produção de energia.
Planilhas coletivas são um risco para o corredor
O crescimento da corrida de rua traz uma série de fatores positivos , no entanto, um número cada vez mais crescente de pessoas recorrem a treinos e planilhas coletivas , estes são fatores que podem ocasionar uma série de problemas.
Um dos aspectos positivos é que milhares de novos empregos diretos e indiretos têm surgido na esteira deste movimento, principalmente em favor da qualidade de vida. Ao mesmo tempo, cada vez mais profissionais da área da saúde têm procurado estudar e especializar-se, visando obter novos conhecimentos e atender melhor a necessidade de seus clientes, pacientes, alunos ou atletas.
EM CONTRAPARTIDA, HÁ AS QUESTÕES NEGATIVAS, COMO O CRESCENTE APARECIMENTO DE PESSOAS NÃO QUALIFICADAS, QUERENDO APROVEITAR ESTE MOMENTO PARA EXERCER ILEGALMENTE AS ATIVIDADES DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, PRESCREVENDO TREINAMENTO, mesmo que de uma forma mais disfarçada, e cada vez mais publicações em algumas revistas e sites de corrida, com as famosas planilhas coletivas, “receitas de bolo”, as quais desrespeitam as diferenças individuais, colocando em risco a saúde dos incautos. Houve até um caso de uma publicação vendida atualmente nas bancas, cujo tema, diga-se de passagem, muito infeliz, é: “Seja Seu próprio Treinador”.
Normalmente a estratégia destas publicações é tentar camuflar a intenção de vender mais revistas ou aumentar as visitas aos sites, utilizando o famoso expediente de prestar serviço à população que não tem acesso a um treinador. Na verdade, este incentivo é um ato de grande irresponsabilidade, pois o indivíduo que treina por conta própria ou sem a orientação de um profissional qualificado, habilitado e próximo, corre o sério risco de sofrer uma lesão, “overtraining”, ou até mesmo um enfarto.
Continuemos seguindo este raciocínio: imagine a confusão que seria se o nutricionista resolvesse exercer o papel do médico; o fisioterapeuta a função do nutricionista; o médico a função do treinador, e o treinador a função de dentista... É arriscada a idéia de apregoar como algo comum o indivíduo que não tenha estudado para tal possa ser seu próprio treinador. É como se dispensasse o trabalho do médico ortopedista e resolvesse operar seu próprio joelho.
Nós, os profissionais de Educação Física que estudamos e estamos habilitados a prescrever os treinamentos, sentimos uma profunda indignação ao nos depararmos com tamanho descaso em tratar um tema desta complexidade com tanta simplicidade. Nunca é demais lembrar que a regulamentação da profissão de Educação Física foi sancionada através da Lei 9.696/98, de 1º de setembro de 1998 e que, para exercê-la, o profissional precisa ter conhecimentos técnicos, científicos e práticos, que devem estar atualizados para que, em qualquer situação, principalmente em casos de emergência, possa atuar com competência, responsabilidade e ética.
Estão habilitados para exercer a profissão os profissionais graduados em curso superior na área, e os profissionais que já atuavam no mercado, anteriormente a lei de 1.998, que conseguiram comprovar esta experiência e fizeram cursos de qualificação. Ambos devem possuir registro no CREF (Conselho Regional de Educação Física), registro este que pode ser de Profissional Graduado (com curso superior) ou de Provisionado (sem curso superior).
Não coloque sua saúde em risco tentando ser seu próprio treinador, ou realizando uma planilha que não tenha sido elaborada somente para você. Consulte sempre um profissional de Educação Física especializado em corrida, seja você um iniciante, amador ou atleta profissional.
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