quarta-feira, 6 de abril de 2011

Banda gástrica: 40% têm complicações após cirurgia

Uma comprovação a partir do levantamento do total de pacientes que realizaram a famosa cirurgia de redução de estômago é que quase a metade desse total precisa ter a banda retirada por conta de uma série de complicações.

Complicações após a cirurgia podem resultar na retirada da banda gástrica

Embora a maioria dos obesos mórbidos que se submete à colocação da banda gástrica geralmente se diga satisfeito com o resultado, mesmo anos depois, um novo estudo dirigido por instituições renomadas no mundo todo , mostra que em torno de 40% deles são acometidos por complicações graves, enquanto que aproximadamente a metade precisa de ter a banda removida.

As observações atuais derivam de uma iniciativa do pesquisador Jacques Himpens, da Escola Européia de Cirurgia Laparoscópica do Hospital Universitário de Saint Pierre, de Bruxelas, cuja equipe em conjunto com outras instituições do mundo todo , avaliou o estado de centenas de pessoas que haviam passaram pelo procedimento de laparoscopia há mais de 5 anos . Himpens e sua equipe revelam as descobertas este mês na edição online e em julho na versão impressa do periódico Archives of Surgery.

O procedimento, também conhecido como lap-band, cria um pequeno balão ao colocar um anel constritor ao redor da porção superior do estômago. A redução do tamanho do estômago faz com que os pacientes se sintam satisfeitos mais rápido.

Desde que foi introduzido em 2001, o método se tornou uma alternativa popular à cirurgia de bypass gástrico em Y de Roux, através da qual o estômago é literalmente grampeado para redirecionar os alimentos para parte do intestino delgado, instigando a redução da absorção dos alimentos e a rápida sensação de saciedade.

Entretanto, o lap-band foi alvo de críticas no passado por envolver um risco relativamente alto de complicações, dentre elas infecções e danos ao baço e ao esôfago, além de prognósticos insatisfatórios em termos de qualidade de vida em longo prazo. Há também relatos de que pessoas que passaram por este tipo de cirurgia bariátrica estão mais propensas a ganhar grande parte , se não todo o peso perdido ao longo da vida.

Para avaliar os níveis de satisfação e o histórico de complicações em longo prazo da banda gástrica, em 2009 a equipe liderada por Himpens examinou um grupo de pacientes que havia passado pelo procedimento entre os anos de 1997 e 2001 ; anos depois, os resultados mostraram que 59% dos pacientes da banda gástrica se disseram satisfeitos com o procedimento. Em média, o excesso de peso tinha sido mantido em níveis aproximados de 43% e a qualidade de vida aparentemente era semelhante à dos participantes que não haviam passado pela cirurgia.

Entretanto, um total de 41% dos pacientes apresentou complicações graves, como expansão anormal do balão (9), erosão da banda (23) e infecção da banda (1). Metade deles precisou ter a banda removida, enquanto que 60% necessitaram de cirurgias subsequentes. A conclusão dos pesquisadores foi de que, aparentemente, “os resultados em longo prazo do procedimento são relativamente insatisfatórios”.

Dois em cada seis pacientes acabou tendo que passar por um procedimento de retirada . Na opinião de Himpens, os pacientes devem limitar suas expectativas com respeito à cirurgias Bariátricas.

Na opinião do pesquisador e da grande maioria dos profissionais de saúde realmente comprometidos com o bem estar e resultados de seus pacientes , todas as cirurgias para perda de peso apresentam um alto índice de fracassos, Ele complementa que, em longo prazo, os altos índices de fracasso da cirurgia bariátrica , independente do método utilizado não justificam os riscos.

Sei que os pacientes irão continuar a recorrer ao procedimento, entretanto, o especialista adverte àqueles que irão passar por este tipo de cirurgia que eles devem estar conscientes de que precisam se comprometer a realizar um acompanhamento rigoroso em longo prazo , e mesmo assim os resultados não são garantidos .

O histórico da cirurgia bariátrica é bastante irregular , alguns grupos tiveram ótimos resultados, com 60 ou 70% de perda de peso. no entanto a grande maioria , apresentam perdas reduzidas ou complicações, ou ainda ambas.

As descobertas são confirmadas por Mitchell S. Roslin, chefe de cirurgia bariátrica do Northern Westchester Hospital de Mount Kisco, Nova York.

“Sempre digo a meus pacientes que o procedimento bariátrico é como fazer uma dieta com um cinto de segurança. Além disso, eles podem estar dentro dos 40% de pacientes que têm a cirurgia revertida por complicações futuras , o que acaba sendo o mesmo percentual de remoções observado neste estudo”.

Qualquer que seja o procedimento adotado , a cirurgia bariátrica apenas dificultam a alimentação, mas não diminuem a fome dos pacientes , e nem aumentam seu gasto calórico e adoção de hábitos de vida saudável ;além disso - mesmo esses dados não sendo divulgados - existe uma grande variação nos efeitos do tratamento. Vemos pacientes com excelentes resultados e outros não, "é uma faca de dois gumes, numa ponta vemos o lado comercial dos médicos e hospitais , pois estas cirurgias tornaram-se extremamente comercializáveis, mas, para a maioria absoluta dos pacientes, existem opções melhores”.

A cirurgia bariátrica não pode se comparar a perda de peso e consequente aquisição de qualidade devida proporcionada pela atividade física correta e regular ; de acordo com os especialistas - mesmo em casos de obesidade mórbida - o correto seria a pessoa procurar um profissional de educação física especializado para traçar um plano de treinamento adequado as suas reais necessidades e possibilidades , pois em conjunto com outros profissionais - nutricionista , médico , massagista entre outros - os resultados obtidos com esta pratica com certeza serão melhores , mais perenes e envolvem uma carga de risco muito menor.

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